:: Determinação do cabeçalho | Formas de Cabeçalho | Entradas | Exemplos | Autoridades BN | Pontos de acesso controlado – Determinação do cabeçalho Uma das principais funções das bibliotecas consiste em gerir, tratar e disponibilizarinformação em função das necessidades (expressas ou não) dos seus utilizadores. Com o desenvolvimento das novas tecnologias e com a diversificação e especialização das necessidades de informação dos utentes das bibliotecas, os serviços das bibliotecas deixaram de estar centrados na mera implementação de colecções e o paradigma da quantidade deu lugar a primazia da qualidade. A eficiente disponibilização da informação passa pela manutenção de um catálogo informatizado que garanta uma rápida recuperação da informação no momento da pesquisa. A construção de um catálogo de qualidade deve ser uma preocupação das bibliotecas e esta qualidade caracteriza-se pela fiabilidade dos resultados da pesquisa. Esta fiabilidade é caracterizada pela ausência de ruído ou silêncio nas pesquisas e consegue-se pela existência de vocabulários controlados tanto a nível do assunto como da autoria. É fundamental que as bibliotecas definam na sua política de gestão de colecções estratégias claras e precisas de tratamento documental e de criação de ficheiros de autoridade de autoria e de assunto. Um tratamento documental eficaz, pressupõem o controlo da consistência dos pontos de acesso à informação. A criação de ficheiros de autoridade de autoria é de facto um dos grandes desafios das bibliotecas o qual só é possível concretizar com um conhecimento preciso das regras para a determinação dos cabeçalhos e uma verificação e revisão constante dos termos criados. Sem a articulação destes dois factores é impossível garantir às bibliotecas a coerência e uniformização do catálogo e respectiva informação. Neste tema da nossa Unidade Curricular deter-nos-emos nas regras para a construção de registos de autoridade para os nomes de pessoas físicas e pessoas colectivas. Para uma melhor apreensão deste tema recomenda-se a leitura da primeira parte das Regras portuguesas de catalogação (RPC) relativas à determinação e forma dos cabeçalhos. DETERMINAÇÃO DO CABEÇALHO Como já foi referido no tema anterior, a ficha catalográfica divide-se em duas partes distintas: o cabeçalho e corpo de entrada. O corpo de entrada é constituído pelo conjunto de elementos descritivos e informativos da obra, distribuídos por zonas de acordo com as diversas ISBDs. O cabeçalho é o nome, palavra, frase ou expressão que introduz uma entrada bibliográfica que é normalmente utilizada para a ordenação e pesquisa num catálogo. Associada à palavra cabeçalho é frequente encontrar expressões como “cabeçalho de pessoa física”, “cabeçalho de assunto”, “cabeçalho de autoridade”, “cabeçalho de referência” e “cabeçalho de autor-colectividade”. Não é objectivo da presente unidade temática uma explicação exaustiva destes conceitos. Pretende-se apresentar um conjunto de regras para a determinação do cabeçalho quando é considerado entrada principal num registo bibliográfico. Após a elaboração de qualquer registo bibliográfico e para que a ficha fique completa, é necessário determinar a entrada principal. Esta poderá ser constituída por um nome de autor-pessoa física, de colectividade-autor ou então pelo título da obra que está a ser catalogada. REGRAS PARA A DETERMINAÇÃO DO CABEÇALHO : Existência de um autor principal O cabeçalho é feito por este autor. Exemplo: Referência bibliográfica : Introdução as ciências sociais / Óscar Soares Barata Entrada principal : BARATA, Óscar Soares, 1935 - Existência de dois ou três autores principais O cabeçalho é feito pelo primeiro autor que aparece indicado n folha de rosto. Exemplo:
Existência de mais de três autores principais O cabeçalho é feito pelo título. Exemplo:
Obras anónimas : O cabeçalho é feito pelo título. Exemplo:
Obras sob a responsabilidade de um editor literário, compilador, organizador O cabeçalho é feito pelo título. Exemplos:
Obras de colectividade – autor Quando a autoria é da responsabilidade de uma instituição/colectividade, a entrada principal é feita pelo seu nome. É necessário no entanto, consoante o tipo de instituição em causa, aplicar as regras para a determinação da forma do cabeçalho nos nomes de colectividade-autor. Autor instituição Exemplos: 1 – Referência bibliográfica : As questões do Zaire / Sociedade de Geografia de Lisboa
2 – Referência bibliográfica : Catálogo da Biblioteca Amorim Pessoa / Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra
Autor grupo eventual Quando a autoria é da responsabilidade de um grupo eventual (conferências, colóquios, simpósios, exposições, etc.), a entrada principal é feita pelo nome do grupo eventual, o número do evento, o local e o ano da realização. Exemplo: Referência bibliográfica : Literatura e história: para uma prática interdisciplinar: actas / do I Colóquio Nacional Entrada principal : COLÓQUIO NACIONAL LITERATURA E HISTÓRIA: PARA UMA PRÁTICA INTERDISCIPLINAR, 1, Lisboa, 2002 Obs.: Os exemplos dados não contemplam todas as situações que podem ocorrer na determinação do cabeçalho. Optou-se por referenciar apenas aquelas que ocorrem com maior frequência. Recomenda-se por isso a consulta das páginas referentes à determinação do cabeçalho das Regras portuguesas de catalogação. FORMA DO CABEÇALHO Nomes de Pessoas Físicas Normas gerais De acordo com as Regras portuguesas de catalogação e o Unimarc7 Autoridades existem regras para a apresentação da forma do cabeçalho. O apelido, o nome próprio, os restantes apelidos, certos elementos distintivos e as datas de nascimento e morte são colocados de acordo com a seguinte regra: Regra geral: 1 - Palavra de ordem (normalmente o apelido). 2 - Restantes elementos do nome (nome próprio e apelidos). 3 - Elementos distintivos, quando normalmente associados ao nome (títulos nobiliárquicos, indicação de pseudónimo, locativos, etc.). 4 - Datas de nascimento e morte. 5 - Outros elementos distintivos que não estejam associados ao nome da pessoa física e sejam adicionados pelo catalogador. Exemplos:
Eleição do cabeçalho uniforme A escolha do nome para a determinação do cabeçalho de autoria não é muitas vezes uma tarefa fácil, pois os autores não se referenciam sempre da mesma maneira. Umas vezes usam o nome completo e outras abreviam alguns dos seus nomes, o que origina por vezes 5 ou 6 possibilidades de referências para um mesmo autor. Por exemplo a autora Maria José Pimenta Ferro Tavares aparece referenciada de várias formas:
Na menção de responsabilidade coloca-se o nome como aparece indicado na obra mas na constituição do cabeçalho deve optar-se por uma forma única de nome. Neste caso optou-se pela forma mais completa:
As regras portuguesas de catalogação definem alguns critérios para a eleição do cabeçalho uniforme: 1 – Nome ou forma de nome porque é mais frequentemente identificado no país a que pertence o núcleo bibliográfico. 2 – Nome mais frequente com que os autores se referenciam nas suas obras. 3 – Nome indicado nas obras de referência (este critério aplica-se normalmente para os autores mais antigos). 4 – A forma de nome mais recente, desde que se possa concluir que houve mudança intencional. É o caso do nome de solteira e dos nomes adquiridos pelo casamento; normalmente a forma adoptada para a constituição do cabeçalho é a que contém o nome adquirido pelo casamento. 5 – Entre a forma mais completa de nome e a menos completa de nome, eleger a mais completa. 6 – Os nomes por regra escrevem-se na língua original e em ortografia actualizada. Há no entanto algumas excepções:
É importante referir que na descrição bibliográfica o nome do responsável da obra é transcrito na zona 2 tal como aparece na folha de rosto. A uniformização do nome só existe na constituição do cabeçalho. Regras específicas para a elaboração da forma do cabeçalho: Apelidos simples: Têm entrada pelo último apelido. Exemplos:
Apelidos compostos : Exemplos:
Apelidos com partículas de ligação como prefixos de nomes: Exemplos:
Nomes espanhóis: Exemplo:
Outros nomes estrangeiros: Nomes árabes : os nomes árabes que não estejam compostos por nome próprio e apelido, entram na forma directa, começando-se pelo elemento mais conhecido. Nomes birmaneses: o nome próprio encontra-se no princípio e Saw, Daw, Naw e Maung são formas de tratamento. No entanto se o autor tiver um nome de origem ocidental este deve ser posposto. Nomes chineses: c ostumam começar pelo apelido e entram, em geral, na forma directa; por exemplo: MAO Tsé-tung Nomes hebreus: a palavra de ordem é por Ben, Abi, Ab, Bar, Mar, Ha ou He, unida por hífen ao apelido. Nomes hindus os nomes antigos entram na forma directa. A partir da segunda metade do século XIX, a palavra de ordem é pelo apelido. Nomes tailandeses entram pela o rdem directa. Nomes turcos Os nomes de autores nascidos antes de 1935, entram na forma directa. A partir desta data, a palavra de ordem é pelo apelido. Pseudónimos : Exemplo:
Nomes seguidos por designação de parentesco (Júnior, filho, neto, etc.): Exemplos:
Nomes de religião : Exemplos:
Nomes de papas : Exemplo:
Nomes de santos: Exemplos:
Nomes de soberanos: Exemplos:
Nomes de príncipes não reinantes : Exemplo:
Título nobiliárquicos : A palavra de ordem é pelo título nobiliárquico, seguido da palavra que designa o grau de nobreza. Exemplo:
Nomes seguidos de locativos de origem ou de qualquer outro análogo: Exemplos:
Nomes de Colectividade - Autor As colectividades, podem classificar-se em dois grupos: 1º - As colectividades independentes que entram pelo seu nome específico. A palavra de ordem é a primeira do nome seguida das restantes palavras na ordem directa. Exemplos: Fundação Calouste Gulbenkian Sociedade Portuguesa de Geografia UNESCO 2º - As colectividades dependentes quer por subordinação, quer por coordenação. Entendem-se por colectividades dependentes: 2.1 – Aquelas cujo nome inclui o nome do seu subordinante. Exemplo: Nome : Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério da Educação. Cabeçalho : PORTUGAL. Ministério da Educação Gabinete de Estudos e Planeamento. 2.2 – Aquela cujo nome contém uma palavra (departamento, secção, divisão, etc.) que por definição implica que ela é parte componente de outra. Exemplo: Nome : Micro Photo Division (é uma divisão dentro da organização Bell and Howell) Cabeçalho : BELL and HOWELL . Micro Photo Division 2.3 – Nomes de faculdades, de institutos de faculdade, etc. Exemplo: Nome : Instituto de Estudos Clássicos da Universidade de Coimbra Cabeçalho : UNIVERSIDADE DE COIMBRA. Faculdade de Letras. Instituto de Estudos Clássicos 2.4 – Os ministérios, órgãos legislativos, judiciais, etc têm que recorrer a nomes geográficos (nome do pais, estado, província, cidade, etc.) como subordinantes. Exemplos: 1 - Nome: Agência Geral das Colónias
Cabeçalho : PORTUGAL. Agência Geral das Colónias
2 - Nome: Instituto Português do Livro e das Bibliotecas Cabeçalho : PORTUGAL. Ministério da Cultura.Instituto Português do Livro e das Bibliotecas 3 - Nome: Junta de Investigação do Ultramar Cabeçalho : PORTUGAL. Junta de Investigação do Ultramar 4 - Nome: Câmara Municipal de Lisboa Cabeçalho : LISBOA. Câmara Municipal 2.4.1 - Os órgãos legislativos, administrativos, judiciais de carácter religioso só se identificam com a inclusão do nome da Igreja a que pertencem. Exemplos: 1 - Nome: Sagrada Congregação para a Educação Católica Cabeçalho : IGREJA CATÓLICA. Sagrada Congregação para a Educação Católica 2 - Nome: Concílio Vaticano II Cabeçalho : IGREJA CATÓLICA. Concílio Vaticano, 2, 1962-1965 3 - Nome: Diocese de Santarém Cabeçalho : SANTARÉM. Diocese 4 - Nome: Secretariado da Acção Pastoral do Patriarcado de Lisboa Cabeçalho : LISBOA. Patriarcado. Secretariado da Acção Pastoral As outras igrejas cristãs, no que respeita à administração quer central quer local têm, como palavra de ordem, os elementos adequados, escolhidos segundo os princípios seguidos para a Igreja católica. 2.5 – As embaixadas e consulados têm como palavra de ordem o elemento geográfico correspondente ao nome do país que representam, em português ou na forma consagrada pelo uso em Portugal. Exemplos: 1 - Nome: Embaixada da França em Portugal Cabeçalho: FRANÇA. Embaixada (Portugal) 2 - Nome: Consulado da Colômbia em Lisboa Cabeçalho : COLÔMBIA. Consulado (Lisboa) 2.6 - As comunicações de carácter oficial de chefes de estado, membros de governo, membros da igreja têm entrada principal pela designação do cargo por eles desempenhado, precedida da entrada geográfica ou equivalente. Exemplos: 1 - Nome: Discurso pronunciado por Marcelo Caetano enquanto Presidente do Conselho Cabeçalho: PORTUGAL. Presidente do Conselho, 1968-1974 (Marcelo Caetano) 2 - Nome: Carta encíclica “Veritatis Splendor” /João Paulo II Cabeçalho : IGREJA CATÒLICA. Papa, 1978-2005 (Joã Paulo II) TÍTULO Como se verificou ao longo das regras para a determinação da autoria, o título torna-se cabeçalho da entrada principal nas seguintes situações: 1 - Quando se trata de obras anónimas com título uniforme ou convencional 2 - Em obras de autoria indeterminada 3 - Em obras com mais de três autores. 4 - Quando se trata de compilações com indicação de editores literários, organizadores, coordenadores, etc. 5 - Em obras de autoria de um grupo sem designação.
Exemplo: Nome: La canción de Roldán Nome : A canção de Rolando : gesta do século XII Cabeçalho : CHANSON DE ROLAND
Exemplos: Nome : Os Actos dos Apóstolos Cabeçalho : BÍBLIA. N.T. Actos
Exemplo:
Documento (adaptado) disponibilizado na unidade curricular "Análise e Linguagens Documentais" |